13 de janeiro de 2020

Meditação faz bem? O que diz a Neurociência?

Meditar faz bem, mas tem algumas contraindicações sobre as quais nem todo mundo fala, e que podem fazer toda a diferença, para melhor ou para pior, na sua experiência.

A mestre e doutora em Neurociência pela USP com pós-doutoramento pela University of Chicago, Claudia Feitosa-Santana, conta o que a meditação pode fazer por você, e em que é preciso prestar atenção na hora da prática.


Ao final do vídeo Cláudia deixa uma mensagem a que assiste:

"Como é quase impossível responder a cada um de vocês, resolvi fazer uma resposta geral para as dúvidas e os comentários mais frequentes. Vamos lá"

1- Sobre a meditação para ansiedade e, principalmente, para TAG:
Como expliquei no vídeo, essa contraindicação é para fazer sozinh@ aumentando as chances de possíveis efeitos negativos (aumento e/ou descontrole da ansiedade, despersonalização, alucinação, entre outros). Nos EUA, meditação não consta como tratamento para TAG pelo NIH(1) visto que os artigos de meta-análise(e.g., 2) são inconclusivos para os transtorno de ansiedade em geral e, um desses artigos, mostra que mesmo aliviando sintomas, o paciente continua com o transtorno(4). Isso não significa de forma alguma que meditação faz mal, mas é preciso ter cuidado e não prometer um milagre para aquele que busca no ato meditativo a solução para sua ansiedade. Na Inglaterra, o NHS(3) recomenda que o relaxamento aplicado, técnicas de respiração para controlar a ansiedade no TAG, seja feito com supervisão. Portanto, o mesmo se aplicar para meditação. Essa é uma recomendação e isso não significa que todos pacientes com TAG terão problemas em meditar sem supervisão.

2- Sobre possíveis efeitos negativos da meditação:
Para quem não consegue meditar sozinho ou teve/tem efeitos negativos (4), vale lembrar que existem muitos grupos onde a participação é gratuita e a pessoa que precisa ser guiada pode usufruir desse benefício sem custos. 

3- Sobre o poder da indústria farmacêutica e sua influência na produção científica: 
Infelizmente, essa é uma verdade, mas por isso existem uma série de condutas e procedimentos para controlar essa influência como, por exemplo, comitês de ética, declaração de conflito de interesses, declaração da fonte de financiamento, etc. Mais uma vez, infelizmente, a indústria farmacêutica é uma das responsáveis por parte da sociedade hoje desacreditar de estudos científicos.  

4- Por último, mas não menos importante, muitos ouvintes dizem que a meditação é única e exclusivamente do campo espiritual e de Deus e que a ciência não deveria se meter. 
Explico: o papel da ciência nada tem a ver com a espiritualidade da meditação assim como nada ter a ver com Deus. E por quê? Para podermos provar benefícios espirituais assim como a existência de Deus, precisaríamos poder testar a não existência dos mesmos, ou seja, deveríamos ter a possibilidade de testar e provar que não existe benefício espiritual com meditação e que não existe aproximação de Deus no ato meditativo, mas ambas são impossíveis para a ciência. Portanto, cabe aos cientistas a humildade e o respeito com essas questões, seja a espiritualidade ou Deus. A ciência pode apenas estudar os efeitos e/ou correlações da meditação com os aspectos mensuráveis (cientificamente) do ser humano.  

Todas as fontes bibliográficas de comprovação científica citadas e usadas no vídeo e no comentário estão na descrição do vídeo.

Namasté!

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